APRENDI COM 2020: FAZENDO AS PAZES COM A SOLITUDE
Já é dezembro.
O fim do ano chega e com ele todas as pessoas ao redor do mundo começam a se “avaliar”. Coisas que fizeram, coisas que deixaram de fazer, que pretendem fazer no ano que vem, quais conquistas, quais perdas. Nessa época, eu sempre fico meio pensativa e esse ano não seria diferente.
A única diferença é que tenho o blog esse ano para compartilhar meus devaneios, logo, esse é o primeiro dos cinco textos que preparei para postar nas quartas-feiras de dezembro com a temática “O que aprendi em 2020?”
Acredito que existam dias bons, dias ruins, anos majoritariamente bons e anos majoritariamente ruins, mas em todos eles temos a capacidade de refletir sobre algo que aprendemos que possa nos ajudar a seguir em frente. Avaliar o que aprendemos durante o ano nos ajuda a fazer uma espécie de “limpeza” mental para prosseguir no ano seguinte. Analisamos o que aprendemos na esperança de que, ano que vem, a gente possa colocar em prática e ter mais acertos e ainda mais bons momentos. E aí? Vamos juntos?
O primeiro tópico sobre o qual aprendi muito esse ano e gostaria de falar é a solitude.
Acho que nunca aprendemos tanto a ficar sozinhos quanto esse ano, mesmo que meio forçados. Com todo distanciamento social e isolamento, sendo impedidos de abraçar as pessoas que gostamos, sem nem poder visitar as pessoas em suas casas, nos sentimos sozinhos.
Foi de enlouquecer que nós, tão condicionados à vida em sociedade, fôssemos bruscamente afastados dela.
Um exemplo pessoal é que na igreja, no último domingo de cada mês, temos culto de Santa Ceia. Nesses cultos, pela igreja ser pequena, eu tinha o costume de ir na frente buscar a ceia e no trajeto, abraçar todo mundo, até aqueles que eu não tinha muito contato. Abraçava quem eu encontrava na ida, quem estava entregando a ceia, meus líderes da igreja e abraçava todo mundo na volta. Após o isolamento, não pude mais fazer isso e isso partiu meu coração.
Comecei a sentir falta da interação. Fiquei mais carente com as pessoas de casa – coitada da Bia – sentia vontade até de fazer uma loucura e aparecer na casa das minhas amigas no meio da pandemia, mas o bom senso não me deixou – ainda bem, hehe.
Mas assim como muitas outras pessoas, eu fui aprendendo a ficar sozinha.
Nunca fui uma pessoa muito social, de sair pra caramba e não parar em casa, então se até eu senti falta disso é que a coisa estava feia mesmo. Então eu escrevi sobre autoconhecimento, sobre autoestima. Dediquei tempo aos meus hobbies, à minha saúde física e mental, e fui aos poucos aprendendo a ficar bem sozinha.
É verdade que nada substitui o calor de encontrar quem a gente gosta, mas é bom passar tempo sozinho também, e muitas vezes não valorizamos isso. Temos tempo para todo mundo, menos para nós – e eu vou bater nessa tecla o quanto for necessário para que eu e você possamos aprender a ser nossos próprios amigos antes de querer ser amigo das outras pessoas. Precisamos de tempo para nós. Esse ano não só me mostrou isso como meio que me obrigou a colocar a solitude em prática.
A palavra solitude, diferentemente de solidão, indica a prática de ficar sozinho que não causa sofrimento, então indica saber aproveitar a própria companhia.
Eu espero que nos próximos anos, eu possa praticar a solitude de forma voluntária dessa vez, desfrutando da minha própria companhia, gostando de ficar sozinha e tirando tempo para mim. Tudo isso que fui “forçada” a fazer em 2020. Mas que também eu possa voltar a abraçar todo mundo na igreja e não ter que deixar de abraçar ninguém, nunca mais.
Passamos muito tempo sozinhos e isso não deve ser algo ruim. Somos uma ótima companhia. E que 2021 traga ótimos momentos – sozinhos e acompanhados.
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