Noções de Coletividade em tempos de Pandemia
- Cecilia do Nascimento
- 22 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Quarentena, afastamento social, como continuar enxergando o outro quando a ordem é justamente se isolar?

Que o COVID-19 arrombou as portas de 2020 e com elas a vida, os planos e as expectativas de todo o mundo não é novidade para ninguém. Não é todo dia que uma pandemia vem nos visitar e isso com certeza não passa desapercebido. Milhões afetados, vidas perdidas, vidas pausadas, eventos e serviços cancelados e a ordem de ficar em casa por tempo indeterminado para, no melhor dos cenários, evitar que o vírus se espalhe ainda mais.
Mas o que eu quero evidenciar neste texto não é a gravidade da situação que nos encontramos, isso podemos encontrar em qualquer outro texto, dezenas deles por dia, em qualquer veículo de comunicação. O que tem em urgência me chamado a atenção é o importante papel da empatia em tempos como esse.
É óbvio que ninguém gosta de ficar "preso" em casa, por isso quando a quarentena foi se instaurando pouco a pouco nos países, a reação das pessoas foi a mais variada possível e em sua maioria, negativa. Primeiro, os estabelecimentos se recusaram a fechar e liberar seus funcionários; depois, ao serem liberados, muitos entenderam a situação como férias antecipadas e ocuparam praias, parques, lugares turísticos e shoppings. Por fim, até hoje, nessa altura do acontecimento, ainda tem gente se queixando de ter que ficar em casa e do policiamento nos lugares públicos que estão justamente evitando aglomerações pelo próprio bem deles.
Ainda assim, as pessoas reclamam e se declaram saudáveis, alegando que não são parte do grupo de risco e então não devem se preocupar, expressando receio somente com suas vidas financeiras e a forma como serão afetadas.
Fica claro que o que falta é empatia.
Mesmo se isolando, estamos fazendo uns pelos outros. Precisamos abrir nosso entendimento para a noção de coletividade, de que o que eu faço afeta em proporções enormes o outro (e os outros, no plural!), mesmo que pareça algo pequeno, mesmo que para mim não seja nada, mesmo que não me afete diretamente, por minha causa alguém será afetado.
Efeito borboleta
Efeito borboleta é um termo que diz respeito à dependência sensível das condições iniciais, ou seja, a forma como pequenas mudanças nas condições iniciais de grandes sistemas podem levar a mudanças drásticas no resultado, seja esse sistema relativo a padrões climáticos até a forma como pessoas interagem. Basicamente, dita a importância de pequenos atos.
No nosso caso, a atual pandemia é um grande sistema. Especialistas traçaram um quadro para o futuro caso nenhuma provisão fosse tomada e era péssimo. A pequena ação que tem capacidade de mudar esse cenário em grandes proporções é o simples ato de ficar em casa. Estamos isolados pelo bem do coletivo. Quando enxergamos dessa forma, torna mais fácil de ficar em casa sabendo que não é a toa, sabendo que ao fazer isso, estamos salvando possivelmente milhares de vidas. Juntos, cada um na sua casa.
Privilégio
Sem querer apelar ao seu sentimentalismo, mas no exato momento em que você termina de ler este texto, milhares de pessoas gostariam de estar em casa, seguras, assim como você.
Deixo aqui meu profundo obrigado a todos os profissionais da saúde, da área de segurança e que trabalham no setor de alimentação que não podem parar pelo próprio bem, em prol do bem de outras pessoas. E, claro, não podemos esquecer daqueles que infelizmente não tem empregadores tão conscientes como o meu e o seu, outros que não tem casa para voltar. São muitos os casos.
Ficar em casa por essas pessoas não pode ser assim tão ruim.
E o que faremos então, com a economia? Proteja a si mesmo e ao seu próximo ficando em casa nessa pandemia, isso é real e está acontecendo. Já aquele, é assunto para um próximo texto.
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