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O ANO COM MENOS ABRAÇOS DE TODOS OS TEMPOS


Estamos entrando no segundo mês de 2021 e apesar de felizmente termos algumas boas notícias, como a vinda da vacina e a possibilidade de a covid ser cada vez mais imobilizado pela ciência, muita coisa ainda não mudou. Para aqueles que, como eu, acharam em 2020 que a pandemia e o isolamento acabariam em agosto – e ainda achava que era muita coisa! – estarmos quase completando um ano nesse ciclo é cada vez mais angustiante.


Não nos acostumamos, e nem deveríamos, às coisas como estão. Ainda é desesperador ver os números que não param de crescer, ainda é preocupante o simples ato de ver nossos entes queridos sair pela manhã para ir trabalhar, ainda é constrangedor fazer menção de cumprimentar uma pessoa na rua e logo em seguida ser alarmado pela consciência e voltar atrás, ficando só com um aceno de cabeça.


Outro dia, lendo um desses textos de ano novo, li uma frase que mexeu muito comigo. Dizia que 2020 provavelmente foi o ano que houve menos abraços na história.


É tão triste perceber isso. Por questão de saúde, fomos impedidos de fazer essas coisas (pelo menos é o que foi feito por aqueles de nós que são responsáveis e minimamente empáticos, mas essa problemática é assunto para outro texto). Nunca houve tanto distanciamento, tanto isolamento, tão poucas visitas, carinhos, consolo.


Talvez por isso esteja tão difícil.


Gosto de pensar que a humanidade é uma espécie forte e já sobreviveu a tanta coisa. Continuamos em evolução depois de milhares de anos, já aprendemos tanto, e com certeza aprenderemos e sobreviveremos a isso também. Mas imagino que uma das coisas mais difíceis que essa pandemia trouxe foi justamente o fator que nos impediu de estar juntos.


Nos impediu de ver quem amamos e mais que isso, nos fez ter medo de visitá-los, medo de os contaminar com nosso abraço sem querer e vice-versa.


Em contrapartida, imagino o momento que tudo isso finalmente acabar, quando tivermos o primeiro almoço em família sem máscara, o primeiro rolê com os amigos sem medo, os primeiros abraços que daremos. De certo, cairão algumas lágrimas. Lágrimas de saudade daqueles que infelizmente não podemos mais abraçar, de alívio por poder rever alguém, misturadas com as lágrimas que quisemos derramar em abraços que não pudemos dar em 2020, de todo o consolo que não pudemos ter.


Claro que não vai ser assim tão rápido, nem tão descuidado. A vacina está próxima, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido e ainda temos que ser cuidadosos pelo nosso bem e o bem do próximo. Mas gosto de imaginar que assim que tudo isso acabar, viveremos o ano com mais abraços de todos os tempos.


Para compensar aqueles que não pudemos dar por tanto tempo.


É isso que me mantém positiva, o máximo que dá para ser em tempos como esses. Pensar nos abraços que ainda daremos, nos momentos que ainda viveremos, no amanhã que eu sei que ainda há de vir para nós pois não é assim que acaba. Saudades há, desespero e angústia também, mas há a esperança e é nisso que pretendo me agarrar.


Esse não é um texto de ano novo, querido leitor. Perdi o timing para isso pois passei o mês de janeiro todinho querendo descansar e depois querendo escrever e não conseguindo – hehehe – mas é um desabafo. Espero que você também encontre um pouquinho de esperança pensando nos abraços que ainda virão.


Não vamos nos acostumar com as coisas como estão, somos humanos demais para isso. E é por esse motivo que acredito que a mudança virá, pois não nos acostumamos e voltaremos certamente a abraçar do jeito que a gente gosta.

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